O rio Ganges, conhecido como Ganga na Índia, é mais do que apenas um corpo de água. É um rio sagrado que atravessa as planícies do norte da Índia até Bangladesh. Abrangendo mais de 2.600 quilômetros, passa por importantes regiões culturais, históricas e ecológicas, servindo como tábua de salvação para milhões de pessoas. Esta lição explora o Ganges sob várias perspectivas, destacando a sua importância na Ásia.
A jornada do Ganges começa no oeste do Himalaia, no estado indiano de Uttarakhand, onde emerge da geleira Gangotri. Este ponto é chamado Gaumukh, em forma de boca de vaca, daí o nome. O rio flui para sudeste através das planícies do norte da Índia, atravessando vários estados, incluindo Uttar Pradesh, Bihar e Bengala Ocidental, antes de entrar em Bangladesh, onde se funde com os rios Brahmaputra e Meghna antes de desaguar na Baía de Bengala. Toda a bacia do Ganges sustenta um ecossistema excepcionalmente diversificado e abriga várias cidades importantes, incluindo Varanasi, Allahabad (agora Prayagraj), Patna e Calcutá.
O rio Ganges desempenha um papel fundamental na economia da região. A agricultura floresce nas suas planícies férteis, com milhões de agricultores dependendo das suas águas para irrigar culturas como arroz, cana-de-açúcar, lentilhas, tabaco e trigo. Além da agricultura, o rio apoia as comunidades piscatórias e fornece água às indústrias ao longo das suas margens. Além disso, o Ganges tem um sector turístico em expansão, atraindo peregrinos e turistas para locais religiosos e festivais culturais, gerando rendimentos e apoiando as economias locais.
O Ganges ocupa um lugar sagrado no hinduísmo. É personificada como a deusa Ganga, que se acredita ter descido do céu à terra. O rio é considerado purificador, com poder de limpar os pecados. Esta crença atrai milhões de peregrinos todos os anos que se banham nas suas águas, especialmente nos ghats sagrados de Varanasi e durante o festival Kumbh Mela, o maior encontro religioso do mundo. O Ganges também desempenha um papel vital nos rituais hindus, incluindo a imersão das cinzas após a cremação.
O Ganges é o lar de uma rica biodiversidade, incluindo o ameaçado golfinho do rio Ganges e o Gharial. No entanto, enfrenta desafios ecológicos significativos, incluindo a poluição proveniente de resíduos industriais, escoamento agrícola e atividades humanas. A saúde do rio é crítica para a sobrevivência de espécies únicas e para a subsistência de milhões de pessoas. Esforços para limpar e conservar o Ganges foram empreendidos pelo governo indiano e por várias organizações. Iniciativas como o Programa Namami Gange visam reduzir a poluição, rejuvenescer os ecossistemas e promover práticas sustentáveis entre as indústrias e comunidades ao longo do rio.
As alterações climáticas representam uma ameaça significativa para o Ganges, impactando o seu fluxo e, consequentemente, aqueles que dependem das suas águas. O derretimento das geleiras do Himalaia, fonte primária do rio durante a estação seca, está se acelerando. Isto poderá levar a mudanças nos padrões de fluxo sazonais, afectando a agricultura, a disponibilidade de água para beber e o saneamento, e o ecossistema em geral. As estratégias de mitigação incluem a melhoria das práticas de gestão da água, o reforço da monitorização dos glaciares e a promoção de técnicas agrícolas sustentáveis para adaptação às condições em mudança.
O rio Ganges, com as suas funções multifacetadas, continua a estar no centro dos sistemas ecológicos, culturais e económicos da Ásia. Proteger este rio vital é fundamental para sustentar a vida diversificada que ele sustenta. Através de esforços combinados de conservação, gestão sustentável e resposta aos impactos das alterações climáticas, o Ganges pode continuar a florescer como uma tábua de salvação para milhões de pessoas na Ásia.